sexta-feira, 29 de setembro de 2017





MALABARISMOS E MEMÓRIAS





Julgo saber que sinapses cerebrais traduzirão um processo comunicativo entre neurónios, como se estes recebessem a informação, se entendessem depois entre si e elencassem aquilo que querem que sintamos, expressemos, retamos, apreendamos, vivamos. Que me perdoem os eruditos, mas no senso comum, na linguagem de todos os dias, aquela que se torna prática e funcional para nós, penso que será isto. 
Pois é e às vezes, esses processos comunicativos entre neurónios levam-me para sítios e momentos em que fui imensamente feliz. Recordo-lhes o cheiros, as cores, os dizeres. Recordo-lhes as sensações que tive quando os vivi, as coisas que vi, o que ouvi e o que disse. Recordo às vezes gestos e olhares. E será deste conjunto imenso e quase infinito de comunicação entre neurónios que se constroem as nossas memórias e, por analogia, a nossa história, num processo dinâmico e, por isso, sempre em andamento.
E fui imensamente feliz aqui contigo. E tive, apesar da multidão de estranhos que nos rodeava em todo o lado e dos miúdos que se sabem tornar também às vezes, numa enorme multidão, pedaços de tempo, de olhar, de pegar, de estar,  de tocar, só contigo, o que é um enorme e digno malabarismo que todos os casais conseguem fazer, acho eu e que passa também por silêncios e olhares cúmplices, às vezes tão simples, mas tão seguros.
Graças a Deus, os meus neurónios estão de muito boa saúde e fartam-se de recolher informação por aí. Acredito que se vão continuando a entender e a dar-me memórias para construir e certezas para confirmar: a de que tenho um enorme orgulho na pessoa que és, será sempre uma delas. Senti que hoje, tinha que te dizer isto. O porquê, guardarei para nós, na nossa intimidade, como tudo o que é mais importante e exclusivo.


P.S. E sim, claro... não precisaria de estar em Paris contigo para ter pedacinhos de memórias super fixes para juntar. Aliás, acho que os meus neurónios ainda não são esquisitos ou seletivos, mas que foi MARAVILHOSO foi... isso é certo! E deu-lhes um quê de glamour, não achas?

domingo, 17 de setembro de 2017





CONSISTÊNCIA

(afinal, é uma palavra gira...)





Hoje dizia a uma amiga que não me coíbo, muitas vezes, de me mostrar em desacordo contigo. Sim, temos em muitas ocasiões, opiniões diferentes sobre as coisas, embora os anos de vida em comum me tenham vindo a mostrar que, na maior parte dos casos, o desacordo é na forma, timming, ou maneira de reagir, mais do que na essência, âmago, ou tutano. Incomoda-me a concordância total em todas as circunstâncias. (Suscita-me dúvidas, pelo menos...) Incomoda-me que, por sermos um casal, se ache que devemos estar sempre 300% de acordo, de forma absoluta, em tudo. Não sou assim. Sou reivindicativa, opinativa e segura de mim. Sou filha da emoção, como alguém querido me dizia há dias e, por isso, sinto tudo à flor da pele e digo tudo em turbilhão, ao contrário de ti, que és frontal, mas sereno, racional e ponderado. Penso que procuro não ser obtusa e tento apurar todos os sentido em busca de sinais, feelings, intuições, que me vão dando a capacidade de discernimento e de encaixe, também para sentir-te e perceber-te. E sinto-te e percebo-te tão bem, com tanta clareza e com tanto orgulho, mesmo quando às vezes me irritas, porque és tão diferente na forma de reagir. Somos imensamente diferentes, mas maravilhosamente complementares, será?
Dizia a essa amiga que, se calhar, é isso que nos torna encantadores, ou se calhar é esse o encantamento que sinto, se calhar é essa cumplicidade de corpo e de alma, com tantos anos de vida, que nos faz descortinar as entrelinhas do outro e então, perceber melhor o que se passa e que, à primeira vista, nos faz discordar tanto. À primeira vista, para olhares menos atentos...
A isto que se passa connosco se chamará, entre outras coisas, consistência. E então, quando por acaso nos mostram, este vídeo, fortuito, da Net, a palavra consistência, que é formal e nada parece ter de interessante, ou pelo menos nada parece ter a ver com este contexto, torna-se, assim como que, exatamente naquilo que se quer dizer.
E digo-te, um amor consistente, traz consigo tanta coisa boa e dá-nos uma salvaguarda tão grande, que é o melhor que se pode pedir.
LUV U!

terça-feira, 5 de setembro de 2017





PAULINHA

(outra vez... afinal, não há limites para aquilo que nos sensibiliza!)


Tenho andado a remoer neste pensamento. Aquele encontro quase fortuito entre colegas, em que ela falou tanto de si e da relação que tem tido com a perda, com a morte, com o luto da ausência de alguém que fazia parte de si, como uma pecinha do puzzle que encaixa e que agora falta. 
Identifico-me imenso com ela. E sinto isso, sempre que estamos juntas. Na forma de falar, de estar, de trabalhar e é uma pessoa que faz parte do leque de outras pessoas que preenchem a minha vida indissociadas do sentimento de ternura, que é uma grandessíssima dádiva, nos dias de hoje. Ela tem esse efeito em mim. Já o tenho dito, assim como já disse que é uma pessoa que tem tido tiradas essenciais para algumas opções que tenho feito, a nível profissional. Aquela pequena conversa, fortuita, daquele encontro em final de férias, no outro dia, fez-me, OUTRA VEZ, reforçar tudo aquilo que sinto em relação a ela: empatia e uma ternura imensa que me fez ouvi-la e identificar-me 500.000% com aquilo que disse. A forma como falou dele, da falta que lhe fazia, as saudades que sentia, a vida que continua, a mágoa/ferida/cratera, que fica aberta e que não fecha e a grandeza da relação que tinham, grandeza esta única, pessoal, íntima, inviolável e inesquecível. Tudo isso me fez admira-lá imenso e dizer-lhe outra vez, como já lhe disse que, apesar da perda irreversível que nos domina de vazio e de saudade, ela tem o melhor de tudo no coração e na vida que construiu com ele: um amor que foi (é) único, inviolável e inesquecível. Um amor sagrado, portanto... Talvez tenha sido isto também que me interpelou? Não sei, mas apeteceu-me dizer-lhe que teve (tem) aquilo que tantos e tantos levam a vida a procurar e nunca encontram, porque só vêm na televisão. Um amor que dá sentido e justifica. Um amor que é maior que nós e nos preenche. E isto, querida, não é lamechice. É antes uma grandessíssima felicidade. Que tu tiveste.
Paulinha, estarão juntos, para sempre, vocês, e esse é o teu maior tesouro.
Adorei estar contigo naquele nosso café de noite fria de Verão. Adorei ouvir-te e sentir que temos tanto em comum. Adorei receber a tua comoção, daquelas genuínas que só se partilha com amigas. Adorei saber que sou abençoada por ter gente assim como tu na minha vida. Adorei o teu testemunho de um amor entre um homem e uma mulher, vividos assim, na primeiríssima pessoa, mesmo quando um já cá não está e por isso, o que se sente se torna ainda maior. Adorei um bocadinho de tempo tão normal, mas tão verdadeiro. Eu não te dei nada, mas tu interpelaste-me!
Um bj, princesa e não te feches à emoção. Ela torna-te assim única, maravilhosa e verdadeira.





P.S. Não há foto para este post. Talvez esta, desta grandiosidade que tínhamos todos os dias...