GOSTO TUDO DE TI...
Nunca li um livro do Lobo Antunes. Só as crónicas da VISÃO. Mea culpa, se calhar, mas de facto, nunca "colou" o tipo de escrita dele. A exeção única, foi o livro "D'este viver aqui neste papel descripto" - Cartas de Guerra -, da D. Quixote, 2007 (ver link), uma coleção das cartas (de amor) que escreveu à sua primeira mulher durante a sua comissão na guerra colonial em Angola, quando tinha 28 anos e da qual resultou agora a adaptação ao cinema, com o filme "Cartas de Guerra".
Lembro-me, desse livro lido há muito, sobretudo da intensidade do amor vivido à distância forçada, da necessidade de pautá-lo diariamente com um registo diário de saudades, feitos e desventuras, do papel e importância da escrita para registo de memória futura do tamanho das saudades, da ternura, do que se sentia e lembro-me também de uma expressão usada pelo autor, que era GOSTO TUDO DE TI.
Gosto tudo de ti. E este GOSTO TUDO DE TI substituía o GOSTO MUITO. E ele dizia-o sem parar, imprimindo ao que escrevia uma carga de sentimento que, me dizem, ser apanágio deste autor.
Esta expressão ficou-me na lembrança. Sim, lembro-me muitas vezes dela e uso-a também. Uso-a com a consciência plena de que é uma expressão feliz, porque GOSTO MESMO TUDO DE TI. E isso sobrevive às vezes que me irritas, às vezes em que estou estou zangada, às vezes em que ficamos assim, longe um do outro com a carga dos dias a pesar sobre nós. GOSTO TUDO DE TI, porque apesar de tudo isso, dessas coisas do dia-a-dia de pessoas (e casais) normais, este gostar subsiste e enche-me a alma de forma plena.
GOSTO TUDO DE TI... acho que já te tinha dito!
GOSTO TUDO DE TI... acho que já te tinha dito!
P.S. Estamos bem mais novos nesta foto, mas claro, não se nota nada...