segunda-feira, 31 de dezembro de 2018





SAÚDE E PAZ






Não consigo deixar de sentir uma nostalgia fininha, por estes dias festivos, uma nostalgia que vem ao de cima quando páro um bocadinho e oiço uma música bonita como esta que está a dar agora no rádio. Não sinto a nostalgia como tristeza; nostalgia não é tristeza. É nostalgia. Uma lagriminha que quer vir de repente, uma lembrança presente e forte de cada um daqueles que já não estão comigo, um friozinho na barriga por um ciclo que começa e que, apesar de ser imposto por um calendário, formatou-se em nós assim, como ciclo que acaba hoje e começa de novo amanhã. E as coisas que se formatam em nós têm peso, pois têm... 
Não sou de fazer projetos, listas de coisas a fazer, metas a atingir. Acho que sou mais, miúda do dia-a-dia e reconhecedora da força que esses dias “de todos os dias” têm. Uma força virgem, que nasce com cada um deles e que nos dá a oportunidade de agarrar tudo o que quisermos nessas 24 horas gratuitas que o dia tem. Então, vou ficar-me pelo dia e pela hora. Por um que acaba e por outro que começa, com a força regeneradora que os caracteriza e desejar ao compasso da hora que passa para a frente, tudo de bom para os meus, aqueles dos meus círculos mais restritos e aqueles também, dos mais alargados, de afetos. E num suspiro sentido, nostálgico mas feliz, colar em mim, embalada pelo momento, sempre e para sempre, a lembrança dos meus que já foram, que me fazem uma falta enorme, mas que vivem em mim pela lembrança e pela memória que se impregna depois na vida. 

E que venha 2019!

P.s- “Saúde e paz, que são duas coisas boas...”- ouvi agora alguém velhinho a desejar a outro alguém também velhinho, que estava na esplanada.

É certo, é muito certo, apeteceu-me dizer-lhe. Não disse, claro, mas sorri-lhe e acho que ela, velhinha, percebeu.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018






FORMIGUINHA




Ficava-me só por esta foto e pelo teu sorriso. Era suficiente.
Estou tão cansada hoje, que nem consigo quase pensar, sinto-me meia anestesiada, mas os meus neuro transmissores passam-me em revista as últimas horas antes de nasceres, no Hospital Distrital de Faro, como se dizia na altura. Há 21 anos
Lembro-me de ti, pequenina e careca, muito careca, com uma cara pequenina, que parecia um botão de rosa, uma boca vermelha e um corpinho franzino. Uma formiguinha. A minha formiguinha. Tão linda, tão pequenina, tão frágil. E pronto, de repente a minha, a nossa vida mudou, para nunca mais ser a mesma. Tu preencheste-a toda, todinha. E continuas a preencher, de alegria e coisas boas. E a encher-me de orgulho de ser tua mãe. Um orgulho tão grande, que quase rebento, como um balão insuflado no ar. 
E hoje, formiguinha, o que te desejo é que tenhas um dia luminoso, dentro da normalidade da vida real que todos os dias da nossa vida têm. Uma normalidade que nos devolve os deveres e as tarefas, as rotinas e as obrigações, mas que tem também o poder de nos fazer descer à terra e dar-nos, na terra e de pé no chão, a imensa graça de vivermos mais um dia de aniversário, com tudo de luminoso que a vida tem... sempre tem, querida. Basta  (querer) ver.

LUV U SO MUCH.