quinta-feira, 14 de junho de 2018






FRAQUEZA OU FORÇA?




Às vezes tenho consciência que ser-se portador de alguma (tentativa de) assertividade, ternura e doçura no trato, pode ser confundido com fraqueza, ou dar a ideia de que sou vulnerável, ou pouco segura. Sim, às vezes, tenho consciência de que isso contraria a maré vigente e a propaganda de que para se ser respeitado, competente e seguro tem de ser ser duro, nu e cru, implacável. Tem de ser ter a  tal resposta sempre pronta. Aquela que tem que estar na ponta da língua, à espreita e não só depois de se processar a informação. Tem que se saber tudo, a toda a hora, num conhecimento enciclopédico que se debita a 100 à hora. Tem que se ter horizontes delineados milimetricamente, em todas as áreas, pois o serem só horizontes bem definidos e estruturados que nos alicerçam e dão segurança não chega. Sei disto e sinto isto, muitas vezes.

Pois é... Acontece que eu, sinto exatamente o contrário e sou exatamente o contrário e, o mais grave, é que estou convicta de que isto pode ser (aliás, é...) uma grandessíssima força. 
Ser-se terno, assertivo e doce, não tem nada a ver com fraquezas, quaisquer que elas sejam. Tem a ver, isso sim, com uma maneira de estar e de ser que me tem trazido mais-valias várias e grandessíssimas graças. E não é, seguramente, sinal de fraqueza ou lamechiche. Mesmo que assim pensem. Erradamente, porque me conheçam mal, ou têm um preconceito acerca do que é isto de se ser assim. 
E embora, às vezes, possamos ser maus juízes em causas próprias, hoje mesmo foi isto que me apeteceu dizer.
E é o que sinto.





segunda-feira, 4 de junho de 2018





INSUFLADOS DE AMOR


Acordámos cedo nesse domingo de sol e fomos com a tua irmã, pequena, de colo, para a praia. Já não tomei banho no mar, pois estava com sinais de sangue, que sabia serem de parto próximo. Tinha 40 semanas certas, uma gravidez já de termo, pois então. Fiz um castelo na areia com a Bea e apanhei sol. Bebi um café e comi um gelado. 
Fomos almoçar à casa dos avós, como fazíamos (e fazemos) sempre aos domingos. A tua avó zangou-se comigo por estar com sinais de parto e estar ali, tão fresca, nada apressada. Mas os sinais de parto não incluíam dores, nada de nada. Só sinais de sangue. E poucos.
Por descarga de consciência lá acedi passar pelo Hospital depois do almoço. Sabia que a minha médica estaria de banco nesse dia. Ela tinha-me dito isso. Deixámos a mana com os avós e fomos para casa para apanhar o saco. Esquecemo-nos do telemóvel na casa dos avós e o papá ainda voltou para trás. Eu estendi uma máquina de roupa enquanto esperei por ele. Sei que cheguei ao Hospital perto das quatro e meia da tarde. A minha médica recebeu-me. Tranquilizei logo ao vê-la, ela tinha (e tem ainda) esse efeito em mim. O papá esteve sempre comigo. Sugeriram-lhe que fosse beber um café, isto se calhar ainda demora, mas ele não foi. Ainda bem. Intuíamos que seria rápido e mesmo que não fosse, ele pertencia ali àquela hora, a mais lado nenhum. 
Nasceste, apressada, às oito da noite, depois de um parto rápido. Havia greve de enfermeiros nessa noite. Tu gritavas, na sala de recobro, como se o céu viesse abaixo. Eu, aflita, mãe só de segunda viagem ainda, tentava dar-te de mamar, mas não era fácil. Nunca foi nos primeiros dias, só pegavam depois de insistir. 'Tadinha, tem fome, dizia eu. Qual fome? É génio isso sim. Grita porque está irritada, olhe que o meu ouvido não engana, há muitos anos que aqui estou, essa tem pêlo na venta, oh se tem
E tinha razão, a dita senhora. Conto este episódio em jeito de risada cá em casa, mas certeiras foram aqueles palavras.
A nossa Sofia chegou, impetuosa e linda, decidida e turbulenta, destemida e aventureira, curiosa e inteligente, generosa e despachada. 
E o nosso coração esticou mais um bocadinho, como esticam os elásticos bons que não partem de tanto esticar. E ficámos insuflados de amor por ti. Um amor tão grande que não tem fim e que nos ajuda a cada dia, junto de ti e dos manos, a sermos melhores Pais, mesmo quando não sabemos sempre como é que isso se faz.
E continua a ser assim, insuflados de amor por ti e muito gratos que chegamos ao dia em que fazes 18 anos. 
Que venham muitos mais, meu amor, que continues assim, impetuosa e linda, decidida e turbulenta, destemida e aventureira, curiosa e inteligente, generosa e despachada. 
Nós, se Deus quiser, aqui estaremos sempre para ti. Juntos, sem irmos a mais lado nenhum.
LUV U...



Foi mesmo estas foto que pensei em pôr aqui... És tu a levares o mundo ao colo, nessa expressividade que é tão tua!
Ah, e prometo que só publico isto à meia-noite.
Outro beijo...