segunda-feira, 28 de setembro de 2015





MÃOS CHEIAS DE NADA

(será?)


Disse-me que o miúdo está na sala dela. Tem agora 5 anos e esteve comigo aos 3. A mãe referiu-lhe que ainda lhe pergunta por mim, às vezes. Lembro-me bem dele. Muito caladinho e sossegado, com uns olhos enormes, cheios daquela curiosidade que quer comer o mundo. Também me lembro bem da mãe. Pessoa simples, muito simples, mas de uma simpatia tão genuína, que me apetecia pô-la no coração, como a todas as pessoas que acho genuinamente simpáticas.
Há dias, outra colega... -não param de perguntar por ti...- Com estes estive o ano passado, algumas vezes por semana, só, mas pelos vistos bastou para lhes ter sido importante, com uma importância que só as crianças sabem dar e sentir. Mesmo que aos 18 anos já não se lembrem de mim, sei que por um prazo de tempo, lhes fui significativa e também sei que no tempo em que esse prazo se deu, tantos imputs importantes se foram marcando na personalidade deles. Isto não é conversa fiada, mas claro, é um discurso que custa a colar agora, por estes dias, na era da eficácia e do resultado.
Pois é... e este pensamento tem pairado por aqui, assim solto como uma folhinha ao vento, mas que vai e volta, vai e volta... 
-Que bom, penso, que bom isto que me dizem. Fico com a certeza que é por aqui. Fico com a certeza que os afetos fazem despoletar o resto. Fico com a certeza que só os afetos tornam as aprendizagens significativas. Fico com a certeza que ainda bem que faço o que gosto. Fico com a certeza que o resto vem por acréscimo. Fico com a certeza de que isto é meio caminho andado para a tal eficácia que se apregoa. Fico com a certeza que a minha natureza será sempre assim. Fico com a certeza de que mesmo quando só se tem mãos cheias de nada para oferecer, a dádiva, a entrega e algum rigor se sentem pelo sorriso e pela forma como se fala. Fico com a certeza que preferirei sempre que os meus filhos façam aquilo que gostam, impregnando isso de capacidade de relação e afetos esclarecidos. Fico com a certeza que sou um grandessíssimo ET, mas pronto, assumo o risco.



P.S. Ah e obrigada às colegas que partilharam comigo este miminho! Sei que também são, as duas, tal e qual assim...   


sexta-feira, 18 de setembro de 2015




ASAS DOS PAIS, LEQUES DE GENTE E PASTILHAS GORILA

Há 8 dias que não escrevo no blog?
Podia ter escrito sobre a senhora gira, pequenina e de saia cor-de-rosa, rodada, que vi no hospital, no outro dia. Tinha o cabelo arranjado, estava maquilhada e tinha as unhas dos pés e das mãos vermelhas. Caminhava ligeira, direitinha e com ar decidido. Imaginei-me com a idade que achei que ela teria e idealizei que também gostaria de ser assim, coquette, quando fosse velhinha. Isto teria dado um post giro, de certeza, embora eu ache que não chego a velhinha. Podia ter escrito sobre a miúda, empregada de um café onde fui e que era azeda e nada bem-educada para as pessoas. Podia ter escrito que isso me saltou à vista, tão novinha e tão velha já. Podia ter escrito sobre o efeito que as pessoas simpáticas continuam a ter em mim, apetecendo-me logo metê-las dentro do coração. Podia ter escrito sobre a gestão que vejo as minhas filhas a fazer da logística que se aproxima e que impõe que tratem de horários, atividades, horas e inícios. Podia ter escrito sobre o orgulho que sinto desta gestão que vão fazendo de pormenores das suas vidas, como mulheres já, a prepararem-se para um mundo já ali à espreita, fora da asas dos Pais. Podia ter escrito sobre as saudades que sinto sempre de quem deixei na escola do ano anterior e de como, num leque de gente, há sempre quem me fique no coração, como se este fosse uma pastilha Gorila de morango que faz balões, doces e esticados sem fim. Podia ter escrito sobre a azáfama que vai caindo sobre nós os dois e de como nos vamos adaptando a uma vida que nos preenche e nos deixa, muitas vezes cansados sem querer. Podia ter escrito sobre ter uma filha com quase 18 anos e do efeito que isso tem em mim. Podia ter escrito sobre tudo isto, eu sei. Há sempre assunto cá para estes lados. É a prova de que estou viva e desperta para o que me rodeia. Mas uma certa anestesia que ainda se vive por aqui, provocada por este AINDA rescaldo de férias dos miúdos, inebria-me um bocadinho, reconheço. Agora, é esperar pela rotina que depressa chegará. E se esta rotina, para muitos contextos, pode ser negativa, a mim, pessoalmente, leva-me para tempos e espaços que conheço bem, para zonas de conforto que domino, para uma pressão diária com a qual estou habituada a lidar.
Venha ela, então... Acho que estou preparada!

P.s. Ainda hoje, as GORILA são as minhas preferidas!


quarta-feira, 9 de setembro de 2015






20 DIAS



Não sou fácil de manhã. Uma rabugice natural faz-me ser impertinente, a pedir mais cama e, sobretudo, um bom café. Depois, a coisa passa e o feitiozinho volta ao normal, que até acho que sou a mocinha fácil. Hoje, não foi exceção. Apetecia-me dormir mais um pedaço e não ter a ditadura do relógio atrás de mim. Afinal, em casa ainda se respiram férias e a dormência normal desses períodos ainda paira aqui por todo o lado. Continuo, teimosamente, a deitar-me tarde e depois é este virote para me levantar. Mas pronto, lá teria que ser. Confesso que não me lembrei de imediato que dia era. O meu carburador cerebral ainda não tinha acordado, mas puxaste-me para ti e disseste-me ao ouvido OBRIGADO POR ESTES 20 DIAS. 
Pois é! Faz hoje 20 anos... 20 anos e mais 8 antes desses! De facto, um pedaço de vida!
O dia lá correu egoísta a festas e comemorações, imperioso nos seus afazeres normais de dia normal. Lá acordei e me encaixei no dia, lembrando-me ao longe do teu OBRIGADO. 
Não te respondi logo de seguida. Sorri só, que às vezes também falamos assim, com os sorrisos. 
Obrigada eu, digo agora para a blogosfera, obrigada eu por fazeres parte da minha vida, por eu fazer parte da tua e por isto ainda fazer sentido. 
É que afinal, sao 20 anos... Ufa!!



P.s. Sei que já sabias... Afinal, conheces-me os sorrisos...

segunda-feira, 7 de setembro de 2015



ALL TOGETHER NOW


Há mesmo situações na nossa vida que nos põem à prova e testam os nossos limites. Há mesmo situações na nossa vida que nos mostram que o cor-de-rosa é uma cor que nao está sempre ali, à mão de semear na vida  real. Há mesmo situações na nossa vida que testam as relações entre maridos, mulheres, pais e mães, filhos e irmãos. Há situações que nos testam face aos despojamentos relativos ao espaço em que vivemos, às relações que estabelecemos, aos valores que defendemos. E depois, nessas situações, questionamos o que fazemos e o que dizemos e, porque somos pais e mães, perguntamo-nos se aquilo que fazemos é o exemplo certo, como se desde a hora em que somos pais e mães, tivéssemos uma obrigação moral de agir sempre bem, deixando estradas livres e largas para consciências que se estão a formar baseadas, em muito, no nosso exemplo. E nestas situações limite que nos testam e põem à prova, às vezes, eu sei, pode vir à tona o que de pior  temos e somos, mas, haja lucidez, podem fazer surgir também momentos de auto-reflexão sobre nós próprios e sobre o TAL exemplo que damos... E sim, mesmo neste teste de limites é possível ver que o que nos une nos dá chão para podermos cair sem nos estatelarmos seriamente, porque nos temos uns aos outros, porque nos conhecemos, porque vislumbramos o essencial e porque essa será sempre a nossa maior riqueza.
É que há limites que se testam, a sério, mas poder partilhar isso torna-nos um bocadinho mais elásticos a cada dia... 
E não é que é verdade?


Agora apetecia-me cantar aquela dos Beatles... All together now, All together now (...) pink, brown, yellow, orange and blue I LOVE YOU"...

terça-feira, 1 de setembro de 2015



DONA DO MUNDO

Tinha um aperto na garganta e sentia-me agitada interiormente, num nervoso miudinho que tentava controlar. Não lhe procurei justificação. Já sei que é assim em finais de ciclos de tempo e de espaço. Já sei que é assim quando um mundo me cai em cima da cabeça e ainda não tive tempo de o assimilar.. Sei que passa e não ligo,  A rotina encarrega-se depois de pôr tudo nos eixos outra vez. Pressentiste-me a agitação. Puxaste-me para ti não foi preciso dizer nada. Agradeci-te pelo silêncio quieto que nos ligou naqueles minutos. Há silêncios que falam mais que palavras, eu sei. Devo ter adormecido assim, enlevada em ti, e foi o bastante para sentir que sim, serás sempre o meu porto seguro, mesmo em dias de tempestade que nos levam para longe um do outro. 
Hoje, claro, a rotina de todos os dias vai-se começando a espraiar devagarinho e o correr das horas não me dará tempo para agitações interiores. De qualquer forma sorrio para dentro com esta certeza: a do teu abraço certeiro, que me puxa para ti, onde posso adormecer e sentir-me dona do mundo outra vez...
  
Obrigada...






P.s. Sabes que sou lamechas...